Sooo... Long time, no see. Perdoem o facto de eu ter abandonado este meu humilde blog durante tanto tempo e de vos ter deixado esperar tanto após aquela introdução. Infelizmente teve de ser, eu simplesmente não tinha cabeça. Para lidar com a vida de caloiro, a escrita, estudar para o curso, fazer cadeiras, etc., o costume, vocês sabem. E não só. Para já quero-vos falar nas minhas memórias e num mito que as povoou. Antes queria agradecer aos meus grandes amigos q tiveram comigo q me apoiaram naqueles momentos, não é preciso anunciar vocês sabem quem são. O meu muito obrigado. Sem mais demoras apresento-vos...

Memórias - Parte I


mITO

Olá, Mito.

Que te posso dizer?
Dir-te-ia algo que não saibas,
Mas de nada me adiantaria
Porque o que eu te diria seria
Simples, vago, mortal,
Indigno até de saberes.
Não, não digo indigno por pensar
Que estás no mais alto dos pedestais,
Mas porque já pensei em tempos
Que estivesses lá
E eu debaixo te olhava,
Pensando que fosses a mais bela das princesas,
Princesas não, pois hoje esse título é muito vulgar,
Pensando então que fosses "A" Mais, "A" Bela...

A Mais Bela, era esse o teu título para mim,
E para mim, era só disso que precisava,
E todos os dias eu te olhava,
E suspirava só de pensar em ti
Em teus olhos eu via o mundo,
O teu mundo, um mundo
Ao qual eu sonhava me juntar
Mas sempre me faltou o ar,
O fôlego, a coragem,
Nunca te confrontei,
Nunca falei contigo
Excepto talvez,
Sim, algo da qual eu me recordo,
Um dia, há muito muito tempo...
Estávamos no décimo ano,
Curiosamente tinhas educação física
À mesma hora que eu
Uma vez por semana
No final da aula,
"Balneários time" por assim dizer,
Tu disseste-me "olá"
E eu "olá" te disse
Nesse momento pensei,
Seriamente, se tinha batido com a cabeça
Em algum sítio, verifiquei
E não encontrei nenhum alto
Portanto era verdade,
Era real, não era um sonho
Nem nada do género,
Era a mais doce e pura das verdades
E eu estava pedrado por esse açúcar,
Sentia tantas borboletas no estômago,
E o coração tão gelado de adrenalina,
Pensei, se a felicidade matasse,
Quereria etéreamente morrer assim
Parei, paralisei naquele momento,
Senti que o tempo tinha parado
Só para eu te poder olhar,
Eternamente
E, quando estava para te abordar
O tão afamado destino,
Ou se calhar a culpa foi só do professor de EF
Manda-me ir arrumar qualquer coisa da aula
E aquele momento "mágico" perdeu-se,
Não em memórias porque eu ainda hoje o recordo,
Mas a mirabolante hipótese que tive para te conhecer,
Saber mais para lá do rito, do mito e de tudo mais
Mesmo assim, depois de arrumar as tralhas da aula,
Ainda te vi, mas não tive coragem para te dizer nada,
Somente sorrir, e lá fui a correr para o balneário
Com o maior sorriso do mundo
Mas a origem desse teu "olá",
Começou quando trocava olhares contigo
No inicio do ano, momento em que eu
Vidrava o meu olhar em ti
Diria até durante longos períodos,
E tu de alguma maneira olhavas para mim,
Ou para qualquer pessoa que estivesse atrás de mim
Quem sabe se o meu amor por ti,
Não terá sido iniciado com um erro de óptica fatal,
Matando logo ali, a partir do primeiro momento,
Qualquer esperança que eu tivesse
De qualquer modo, eu continuei a olhar-te,
Nos olhos, lá bem fundo, no espelho da alma,
E tu olhavas de volta,
E isso era tudo de que precisava
Mas houve um dia em que nossos olhares cruzaram-se,
Era a última semana de aulas antes das férias de natal,
E nessa semana, naquele dia eu vi algo
Algo que me pareceu transcender,
Irreal ao ponto de ainda hoje não aceitar
Nem acreditar naquilo que vi
Não foi possível aquilo acontecer,
De certeza que foi algum tipo de luz
Afectando-te a visão,
Levando a fechares subitamente
O olho esquerdo
E ao fazeres isto estavas a olhar
Para um campo de visão,
Que me incluía a mim
Porque eu ainda hoje não acredito
Que me piscaste o olho naquele dia,
Naquela hora, naquela tarde de Inverno,
Naquele instante, naquele momento
Para sempre na minha memória,
O sol, tu a saíres, a épica entrada do JF,
Os jogos de luz, a ilusão
Tudo isso me deixou deslumbrado,
Não acreditei nos meus olhos,
Não avancei naquele instante
Mas aquela imagem
Passou vezes sem conta na minha cabeça,
Vezes de mais talvez
Revi tantas vezes aquele momento que decidi
Procurar mais sobre ti,
Encontrei um e-mail no site da lista I,
Então adicionei-te
Estava apreensivo em fazê-lo,
Mas o amigo Pedro
Lá me convenceu,
E fi-lo
Quando me perguntaste quem eu era,
Pareceu que um glaciar tinha entrado
Pelo sótão a dentro,
Tremi tanto nessa altura
E eu respondi, a essa e a outras,
Disse-te tudo, mas um tudo
Demasiado vago
Nunca te disse o importante,
O que sentia e o que me fizera
Adicionar-te tão inesperadamente
E aquela ideia de te adicionar,
Foi feita demasiado a frio,
A “net” nunca foi um local para se começar
Um ponto de partida de algo tão intimo
Arrependi-me de te adicionar,
Não porque não fosse interessante,
Não, nada disso
Apenas e somente pelo simples facto
De nada ter a dizer-te quando estavas on-line,
Não sabia o que devia falar contigo,
Assuntos, temas, nada me ocorria
Aprendi a lição com o que aconteceu,
Falar com alguém primeiro na linha
E nunca falar pessoalmente com essa pessoa,
É um grande caminho para a ruína
Não estou a criticar as tecnologias
Deste século só porque eu não as soube utilizar a meu favor,
Não, não é isso que quero dizer,
Apenas que prefiro passar a tarde junto a alguém
Ao invés de estar 4 horas ao telefone com essa pessoa
O contacto cara-a-cara com a pessoa amada
Potencializa e torna possível o desenvolvimento de uma relação mais intima,
Ao contrário do frio teclado e do estático monitor que não nos mostra um sorriso
Mas somente bytes de informação por vezes fútil
É bom conhecer a cara-metade,
Saber os seus gostos,
Mas ao fazê-lo a um palmo da pessoa
Ganhamos um sorriso intimo,
Por conseguinte um conhecimento pleno,
Físico, psicológico e emocional
Conhecer alguém que amas
Não se trata de uma tarefa,
Antes um gosto exacerbado
Pela intimidade criada
Deixando agora as filosofias do conhecimento
Para trás, deixa-me falar-te do primeiro dia
Em que eu te vi,
A minha primeira vez

Era Outono, a escola começara tardiamente
Uma semana ou duas de atraso,
Motivo? Nunca percebi bem.
Burocracia, por vezes sabes bem.
Continuando, dia de apresentação
Da escola aos alunos,
Apresentação dos alunos à turma,
Blá blá blá, blá blá blá
Enfim, uma enorme seca,
E um bocado inútil diga-se,
No primeiro dia de aulas continuaria
A não saber onde eram as salas
Prosseguindo, findando a volta
À escola seguiu-se uma palestra
A falar de não-sei-quê.
Turmas todas reunidas no anfiteatro
Excepto uma, e eis que,
A turma em falta entra,
Eram "os" de Artes
Lá pelo meio daquela pequena turma
Estavas tu, bela, acompanhada de prata,
Tão cedo aquela simples imagem
Não deixaria de me povoar a cabeça
Toda aquela apresentação acabou
Nem era hora de almoço,
O pessoal a debandar para casa, ou a ficar
À espera de boleia naquela colossal entrada
Tu saíste, eu vi-te,
Não te conhecia, perguntei o teu nome
Ao meu amigo Micha, ele disse-me,
Nunca esqueci aquelas palavras
E o tempo passou,
O famoso e infame "destino"
Pregou-me umas quantas partidas
Lembrou-me de me teres dito "olá"
Num daqueles enormes corredores do JF,
Fiquei tão surpreendido que paralisei
E nada te consegui dizer
Houveram várias festas do José Falcão,
Mas em nenhuma eu entrei.
Falaste-me no disfarce que ias levar
Na primeira festa de Carnaval,
Disseste-me que ías de Barbie,
De princesa, quis tanto ser o teu Ken
Mas eu não te consegui ir ver
Não apareci nem nessa
Nem noutras festas,
Foi duro viver longe do meu mundo
E não estar lá nos momentos certos
Tantas vezes te desiludi,
Tantas vezes não te consegui falar,
Que mereci ver o que era inevitável
Ver-te feliz ao lado de alguém
O dia em que te vi ao lado
Daquele com nome de árvore de fruto,
Assemelhou-se a ter sido espetado
Por mil flechas, todas no coração
A partir desse dia tentei esquecer-te,
Em vão se esfumou a minha tentativa,
Tudo o que eu sentia por ti,
Era simplesmente demasiado
Cada vez que te via, a cada batimento,
A cada contracção, todos os pequenos pedaços
Partiam-se cada vez mais,
O meu coração doía
Depois passou, tudo passa,
Mas o meu sentimento por ti
Sempre continuou latente
Andaste com alguém com nome de arvore de fruto,
Com alguém com nome de “high score” de um videojogo,
E por último namoras com alguém com nome de seu étimo bata,
Pena nunca teres andado com alguém com nome de rei mago
Mas a vida não é uma história de magia,
Todos os momentos têm de ser desfrutados,
Temos de parar e olhar em frente
Para poder ver o nascer e o pôr-do-sol
Nunca esqueci o teu nome,
O teu olhar, a tua beleza,
Para sempre fica gravado,
O momento do teu olhar
Perdi-te por breves instantes,
Quem sabe um dia, eu possa
Encontrar um mapa,
Que me leve de novo a ti
Até que esse dia chegue,
Um até sempre,
E um até já
Obrigado
para uma rito que virou mito…