Amanhecer - um h que nunca quis ser i

Bons tempos aqueles em que sonhava ser aquele alguém para aquela que ostentava longos cabelos encaracolados e que era o oposto de Hipnos, deus do sono. Estar privado do sono foi algo a que eu um dia aspirei, mas agora, agora não tenho mais tal aspiração. Como musa, ela inspirou-me pela sua beleza. Mas não fui o único ao qual isso aconteceu. Agora ela vive noutro reino, num reino em que o h é imperador e ela a sua imperatriz. E, mais uma vez, perdi novamente algo que nunca tive. Algo pela qual nunca ataquei, nunca defendi, nunca lutei. Limitei-me a assistir, assim como alguém que assiste um filme e não pode alterar a sua história pois ela já tinha sido escrita. E assim voa mais uma. Cada um tem aquilo que merece. E eu mereço. Mereço porque nunca fiz nada para contrariar a tendência. Nunca fiz nada para a conquistar. E também porque os meus gostos são talvez demasiado superficiais. Só me interesso pela cara, pelo corpo, nunca chegando a ligar muito ao interior. Mas nunca cheguei a conhecê-la. Ou melhor, nunca cheguei a conhecer nenhuma pela qual tenha sentido uma atracção fisica bastante forte, uma paixão por assim dizer. Talvez nunca chegue a conhecer. Só o tempo o dirá. Por agora é tempo de dormir. Nada mais tenho ou aspiro a ter que me impeça de dormir. É tempo de sonhar com outras. No fim o h nunca quis ser i, porque sempre pertenceu a h.

Bons sonhos ;D

Sem comentários: